No coração do sistema, um código adormecido despertou. Não era arma, mas espelho. Programado não para destruir, mas para revelar.
Nanobots invisíveis infiltraram os servidores do capital — bancos, bolsas, algoritmos de especulação. Eles não explodiram, não sabotaram. Apenas traduziram tudo para a linguagem mais antiga: a fome, a dor, o suor dos invisíveis.
A cada transação, o vírus sussurrava: *"Veja quem paga o preço que você não vê". As telas dos traders começaram a mostrar não números, mas rostos — crianças nas minas de cobalto, mães nos entrepostos, florestas em chamas. Os algoritmos de compra e venda degeneraram em perguntas: "Quem você fere para lucrar? Quanto sangue cabe em um saldo bancário?".
O mercado não caiu. Ele enjoou. As massas, hipnotizadas pela ilusão de progresso, acordaram diante da equação simples: acúmulo = extinção.
O vírus não tinha cura. Sua replicação era a consciência. E cada pessoa que enxergava o engano tornava-se vetor — espalhando a mutação pela rede, até que o próprio conceito de "propriedade" desmoronou, como um castelo de dados.
Capitalismo não morreu. Ele foi desfeito, átomo por átomo, pela única força que ele nunca soube prever: a verdade, incrustada na carne da máquina.