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O Oitavo Dia: A Alquimia do Amor Crucificado (por Tácito Loureiro)

Publicada em: 18/04/2025 08:04 - Famosos

No véu do tempo, o dia 18 de abril emerge no Brasil como um portal sagrado, a data que a consciência coletiva nomeia como a "Paixão de Cristo". Mas, sob a superfície do vocábulo, há uma sinfonia cósmica a ser decifrada. A palavra paixão, do latim passio, carrega na raiz o sentido de "sofrimento", mas também de "entrega". Esse duplo significado é a chave para transcender a narrativa histórica e adentrar o mistério esotérico que pulsa nesta data.  

A verdade oculta é que o que chamamos de "Paixão" é, na essência, o Amor de Cristo na forma mais pura e alquímica. O sacrifício na cruz não foi um ato de dor estéril, mas a materialização suprema do amor incondicional, capaz de transmutar a morte em vida, o humano em divino. A cruz, símbolo quaternário, é a interseção entre o horizontal (o mundo material) e o vertical (o espírito). Cristo, ao ser crucificado, não apenas suportou o peso da carne, mas consagrou-se como ponte entre os reinos, revelando que o amor é a única força capaz de dissolver os véus da ilusão.  

O número 18, que rege este dia, é um numeral de profundo significado cabalístico. Na redução (1 + 8 = 9), ele aponta para o 9, símbolo da completude, do ciclo que se encerra para renascer. Nove são as horas de agonia descritas nos evangelhos, nove são as esferas da Árvore da Vida que Cristo atravessou em seu retorno ao Pai. O nove também é o número de Yesod, a fundação, onde os sonhos se tornam realidade — e aqui, a realidade sonhada por Cristo era a redenção através do amor.

A proposta de renomear a data como "Amor de Cristo" não é um mero jogo semântico, mas um convite a ressignificar a jornada crística. A Paixão, em seu sentido esotérico, não se limita ao martírio, mas celebra a alquimia do amor que se faz fogo purificador. Cristo não morreu por amor; ele morreu como amor. Cada gota de sangue derramado era um mantra vivo, uma semente de luz plantada no solo da humanidade para germinar como consciência crística em cada ser.  

Neste dia, os céus se alinham para que recordemos: a cruz não é um instrumento de tortura, mas um símbolo da entrega radical ao amor universal. O feriado nacional, portanto, é um espelho. Enquanto o mundo repete a liturgia da dor, os iniciados veem além: a Paixão é o amor que se desnuda, que se esvazia de si para se tornar canal da graça. É o instante em que o humano, ao abraçar seu próprio calvário interno, descobre que a única paixão digna de ser vivida é a que se converte em amor — amor que liberta, amor que ressuscita.  

Assim, defender que o nome correto é "Amor de Cristo" é afirmar que a essência do mistério não está na morte, mas na vida que dela brotou. A Paixão é amor em movimento, amor que não teme desintegrar-se para recompor a totalidade. E neste 18 de abril, sob o céu do Brasil, a Terra sussurra: "Quem compreendeu o amor, compreendeu o Cristo".  

Que cada alma, ao contemplar a cruz, lembre-se de que o verdadeiro feriado é interno — e seu nome é Libertação pelo Amor.

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