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O RETRATO FALADO DO PASSADO QUE NUNCA EXISTIU

Publicada em: 27/08/2025 08:56 -

 

É impressão minha ou todo mundo hoje em dia sofre de uma nova doença: Nostalgia Seletiva Aguda? A doença do “no meu tempo é que era bom”! O sujeito defende a “tradição” com unhas e dentes, mas esquece que a tradição dele inclui dor de dente, mortalidade infantil e banho de cuia.

É isso mesmo! O tradicionalista médio é um ser fascinante. Ele acredita piamente que os valores de uma época em que se tratava histeria com lobotomia são superiores aos de hoje. Defende a “família tradicional” – aquela que, na prática, era um pacto de silêncio entre um homem infeliz, uma mujer frustrada e uns filhos criados à base de palmatoria e repressão.

É a turma do “mas sempre foi assim!”. Meu Deus, sempre foi assim? Escravidão sempre foi assim. Guerras sempre foram assim. Cólera sempre foi assim. Que argumento é esse, seu Neandertal de butique? Usar “sempre foi assim” é a mesma coisa que dizer “sou tão pobre de ideias que vou ficar com a primeira que apareceu, mesmo que ela seja podre”.

Eles veneram costumes culturais como se fossem sagrados, mas esquecem que muito costume “tradicional” nasceu de uma necessidade prática ridícula de séculos atrás. É tradição porque deu certo? Ou é tradição porque ninguém teve a coragem de questionar aquilo por medo de ser queimado na fogueira?

A moral da história? A tradição é como aquele móvel velho da casa da vó: pode ter um valor afetivo, mas se está cheio de cupim, tomando espaço e fedendo a mofo, talvez seja hora de doar, renovar ou, em casos extremos, jogar no lixo.

O passado não é um lugar para se viver. É, no máximo, um museu para se visitar, aprender e dar risada das perucas engraçadas. Quem insiste em morar nele, vira curador de um acervo de conceitos mofados. E paga o ingresso com o próprio futuro.

O tradicionalismo não é amor à história. É medo do novo. É a camisa de força mental para não ter que encarar o mundo real, que segue em frente, com ou sem permissão dos saudosistas.

Pense nisso. Mas não pense muito, que aí vira modernice.

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