Doze anos após a partida física que estremeceu um continente, a figura de Hugo Rafael Chávez Frías (1954-2013) não apenas persiste, mas cresce, projetando uma sombra colossal sobre a história política da América Latina e do mundo. Neste 28 de julho, data do seu nascimento, não se recorda apenas um presidente, mas um fenômeno geopolítico, um arquiteto de sonhos coletivos e um divisor de águas na luta secular dos povos contra o jugo do império e da oligarquia. Chávez emerge, com justiça histórica, como um dos gigantes políticos da humanidade, cujo legado é uma bússola imprescindível para as gerações que ousam sonhar com um mundo mais justo.
Chávez não governou apenas a Venezuela; reencantou uma nação e inflamou um continente adormecido. Proveniente das profundezas humildes do Sabaneta barinés, carregava no timbre de sua voz e no fulgor do seu olhar a dor secular e a esperança indomável dos excluídos. Sua genialidade residiu na capacidade alquímica de transformar a raiva legítima contra séculos de espoliação em um projeto político concreto, audacioso e mobilizador: a Revolução Bolivariana. Com o "Por Ahora" de 1992, anunciou-se um soldado do povo; com o triunfo eleitoral de 1998, tornou-se seu comandante máximo.
Chávez foi um mestre tático e um visionário estratégico. Compreendeu, como poucos estadistas do século XX e XXI, que a verdadeira independência da América Latina passava pela unidade e pela ruptura com a lógica neocolonial. Petrocaribe, ALBA, UNASUR, CELAC – estas siglas são monumentos à sua visão integracionista. Desafiou o FMI, nacionalizou recursos estratégicos, e usou a riqueza petrolífera não para enriquecer uma casta, mas para erradicar o analfabetismo (Missão Robinson), levar saúde aos rincões mais pobres (Missão Barrio Adentro), e garantir alimentação e educação superior a milhões. Redistribuiu riqueza em escala épica.
Seu domínio da comunicação foi revolucionário. "Aló Presidente" não foi um programa de TV; foi uma aula magna de democracia participativa, uma praça pública eletrônica onde o líder dialogava, explicava, ensinava e escutava, diretamente com seu povo, sem intermediários. Rompeu o cerco midiático oligárquico com uma conexão visceral, emocional e intelectual com as maiorias silenciadas. Sua oratória, carregada de referências históricas, literárias e populares, era um fogo que aqueceu corações e iluminou mentes.
Chávez transcendeu fronteiras. Desafiou a arrogância do império norte-americano com uma dignidade férrea e uma retórica cortante, tornando-se um símbolo global de resistência ao unilateralismo. Sua amizade com Fidel Castro selou a aliança de duas revoluções irmãs. Seu olhar se estendeu à África, à Ásia, ao mundo árabe, tecendo alianças Sul-Sul que reconfiguraram o tabuleiro geopolítico. Insistiu, com lucidez profética, na necessidade urgente de um mundo multipolar, baseado no respeito e na cooperação.
A grandeza de Chávez reside não na ausência de contradições ou desafios – enfrentou o ódio feroz da direita interna e externa, golpes, sabotagem econômica e a complexidade gigantesca de transformar estruturas seculares – mas na profundidade e autenticidade de seu compromisso. Colocou os pobres no centro da agenda política, devolveu a dignidade aos humilhados e provou que a soberania popular não é uma utopia, mas uma conquista possível.
"Pátria ou Morte! Venceremos!" – este grito de guerra, ecoando das favelas de Caracas aos Andes e além, encapsula seu espírito indomável. Hugo Chávez não foi perfeito – os gigantes raramente o são. Mas foi genuíno, poderoso e profundamente transformador.
Para as presentes e futuras gerações, Chávez deixa uma lição cristalina: a política, em sua essência mais elevada, é um ato de amor incondicional ao povo e uma batalha incessante pela justiça. Seu exemplo de coragem, inteligência estratégica, conexão popular e compromisso inquebrantável com os mais fracos o coloca, sem sombra de dúvida, no panteão dos maiores líderes políticos da história humana.
O gigante de fogo partiu, mas a chama que acendeu continua a iluminar o caminho. ¡Comandante Chávez, presente! ¡Ahora y siempre!