As Raízes do Futuro
Postado
20/03/2025 10H16

Reinaldo de Mattos Corrêa*
Era uma vez, em Dourados, Mato Grosso do Sul, um movimentado centro comercial conhecido pela sua efervescência e variedade de lojas. Entre os ruídos das transações e o calor refletido no asfalto, existia uma comunidade de comerciantes que sonhava em transformar a cidade em um lugar mais acolhedor.
João era um desses comerciantes. Proprietário de uma loja de roupas no coração de Dourados, ele acreditou no potencial não apenas dos produtos, mas do impacto que a própria loja poderia ter na comunidade. Mas, dia após dia, João via os clientes entrarem com pressa e saírem rapidamente, buscando abrigo do sol escaldante sob a marquise, sem desfrutar da verdadeira experiência que ele idealizava.
Certa tarde, enquanto discutia estratégias com sua amiga e vizinha de loja, Maria, que vendia artesanato local, ele comentou sobre a dificuldade de reter os clientes por mais tempo. Maria, atenta aos detalhes, mencionou algo que havia lido em uma revista de sustentabilidade: "Você sabia que árvores na frente dos comércios podem aumentar o tempo de permanência dos clientes?".
Intrigado, João começou a pesquisar e descobriu dados surpreendentes. Estudos mostravam que ruas arborizadas não só tornam os ambientes mais agradáveis, mas também impulsionam as vendas em até 12%! Além disso, a presença de árvores reduz temperaturas, melhora a qualidade do ar e proporciona um espaço convidativo e relaxante. E quando comparava isso ao cenário atual, onde as altas temperaturas afastavam os passantes, João logo percebeu o prejuízo daquela ausência.
Com essa nova perspectiva, João teve uma ideia. Propôs a criação de um projeto comunitário: "Raízes do Futuro". A ideia era simples, mas poderosa: cada comerciante plantaria uma árvore em frente à loja. E para garantir que todos participassem, ele preparou uma apresentação, destacando não apenas os benefícios econômicos, mas também a diferença que isso faria para a imagem da cidade e para o futuro sustentável ao qual almejavam.
No dia da reunião, o salão estava cheio. João, nervoso, iniciou a apresentação. Mas à medida que falava, via o brilho nos olhos dos colegas. Contou a história de cidades ao redor do mundo que haviam se transformado com iniciativas semelhantes e como Dourados poderia se juntar a elas. Quando terminou, o silêncio foi seguido por aplausos entusiásticos. Maria foi a primeira a levantar a mão e se comprometer.
Nos meses seguintes, a transformação foi visível. Sob o sol de Dourados, novas árvores surgiram e, com elas, uma nova vitalidade. Os clientes passaram a frequentar as lojas não apenas para comprar, mas também para aproveitar aquele oásis urbano de sombra e frescor. E, assim, cada árvore plantada tornou-se parte de uma memória coletiva, uma história contada de comerciante para comerciante, de cliente para cliente.
João, olhando pela vitrine da loja, viu não apenas as folhas verdes tremulando ao vento, mas o futuro que ele, Maria e tantos outros haviam ajudado a plantar. Dourados não era mais apenas um centro comercial. Era um exemplo vivo de como pequenas ações podem gerar grandes mudanças.
E assim, as raízes do futuro se entrelaçaram, crescendo fortes e saudáveis, lembrando a todos que o verdadeiro comércio não está apenas nas trocas de produtos, mas nas trocas de cuidado e compromisso com a comunidade.
Que cada árvore plantada seja um testemunho vivo da visão de vocês, comerciantes de Dourados. Que as sombras frescas convidem não apenas clientes, mas também sonhos e esperanças. Que o verde vibrante inspire novas ideias e parcerias, e que as raízes profundas nutram um futuro próspero e sustentável para todos. Lembrem-se: cada árvore é um investimento no amanhã, um presente para as próximas gerações, um símbolo do poder que reside na união e na crença de que juntos, podemos transformar Dourados em um oásis de vida e prosperidade.
* Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.
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