Invasores das Terras Indígenas: Jornada para a Sombra e a Destruição Psíquica

Reinaldo de Mattos Corrêa*


A invasão das terras da União Federal habitadas por povos indígenas não é apenas um crime contra a lei e um ataque aos direitos humanos; é também uma jornada rumo à destruição psicológica dos próprios invasores. Aqui, exploraremos as complexas consequências psicológicas que essa ação nefasta provoca naqueles que a perpetram.


A invasão de terras indígenas é um ato que viola a ordem natural e social, gera um profundo sentimento de culpa e arrependimento nos invasores. A consciência de estar causando sofrimento e injustiça a um povo ancestral, de estar destruindo um lar milenar e de estar contrariando princípios básicos da ética e da moralidade corrói a alma dos invasores, lançando-os em um abismo de tensão permanente e de sofrimento psíquico.


Para lidar com a culpa e o arrependimento, muitos invasores se refugiam na negação da realidade. Criam narrativas distorcidas da história, justificando as ações criminosas como "progresso", "desenvolvimento", "marco temporal", "importância do agronegócio", ignoram os direitos dos povos indígenas e os impactos devastadores da invasão. Essa dissonância cognitiva, essa ruptura entre o que se faz e o que se diz, gera um conflito interno profundo, leva à ansiedade, à depressão e à alienação da própria humanidade.


Ao invadir terras indígenas, os invasores se desconectam das próprias raízes ancestrais e da espiritualidade que permeia a vida dos povos originários. Essa ruptura com a história e com o sagrado gera um vazio existencial, um sentimento de perda de identidade e propósito, produz apatia, falta de sentido e busca por compensações vazias em bens materiais e poder superficial.


As consequências psicológicas da invasão das terras indígenas não se limitam aos invasores da geração atual. Os traumas vivenciados pelos adultos se refletem nas crianças, cria um ciclo vicioso de violência, medo e ressentimento nas famílias e nas comunidades. Essa herança de sofrimento psicológico impede o desenvolvimento saudável das novas gerações, perpetua a dor e a injustiça por séculos.


A cura das feridas psicológicas causadas pela invasão das terras indígenas exige um processo árduo e doloroso de autoconsciência, arrependimento e reparação. Os invasores precisam reconhecer o erro que cometeram, saírem das terras invadidas, assumir a responsabilidade por seus atos e buscar o perdão dos povos indígenas. É fundamental um diálogo intercultural honesto e aberto, onde se reconheçam os direitos dos povos originários e se busquem soluções pacíficas para os conflitos.


Para os cristãos, a invasão de terras indígenas é um ato abominável que viola os ensinamentos fundamentais da fé. A Bíblia nos ensina a amar ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22:39), a cuidar dos pobres e oprimidos (Isaías 58:6-7) e a defender a justiça social (Amós 5:24). Ao invadir as terras indígenas, os invasores estão agindo de forma contrária a esses princípios, demonstrando egoísmo, ganância e falta de compaixão.


A fé cristã também nos ensina a respeitar a criação de Deus e a cuidar do meio ambiente. A invasão de terras indígenas causa danos irreparáveis à natureza, destruindo florestas, poluindo rios e matando animais. Ao agir dessa forma, os invasores estão pecando contra Deus e contra a própria criação.


Portanto, a invasão das terras da União Federal habitadas por povos indígenas é um ato que gera sofrimento não apenas aos povos originários, mas também aos próprios invasores. As consequências psicológicas dessa ação nefasta são graves e de longo alcance, afetando indivíduos, famílias e comunidades por gerações. A cura e a reconciliação exigem um processo árduo e doloroso de autoconsciência, arrependimento, reparação e diálogo intercultural honesto. Por meio do reconhecimento dos direitos dos povos indígenas e da busca por soluções pacíficas poderemos construir um futuro mais justo e harmônico ao nosso País. 


*É Produtor Rural em Mato Grosso do Sul.

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